Pesquisar este blog

5.11.06

Poesia - O fim do começo.O ego morto.



Autópsia Divina

Eu quero a morte de Deus
Para suprir o pranto da minha vida
Canto aos sete sinuosos montes
A minha sexta intenção suicida

Se parte de mim é de Deus
Hoje, uma parte de Deus vai morrer
Um pedaço raro moldado em argila
Quebra e se seca na escassez do sertão

-

E se o meu coração hoje erra, berra
Hoje, cairá mais um homem da face da terra
Um ser de paz que Deus preferiu deixar em guerra
Um ser de amor, do amor que não sobe a serra

-

São seis horas e seis minutos
Seis, são os absurdos e os fragmentos
As tolices da criação, os erros da perfeição, do tempo
A maldição do mistério do inatingível

-

Eu quero a morte de Deus
Para entender os mistérios divinos
A autópsia de um assassino
Dos sonhos que não sei, não sei...

Polak



3.11.06

Poesia - O terceiro ego.A inexistência.


INFINITA INEXISTÊNCIA

Fávido, ele flutua
Invade os clarões da consciência
Percebe a infinita inexistência
Do eu, do ela, do nós

-

De todos os inexistentes nós que nos prendiam
Laços fortes, surreais, atados!
Colados, nós éramos unidos
Cortados somos separados...

Cansado, as pernas tremem
Distância que não tem fim
Saudade é euforia louca
Vontade de se dividir

Repartir-se entre cantos e colos
Desesperos soturnos de cloro
Sujo, a água de mim, transparente
Limpa-me os pós, as sujeiras da gente

Polak

2.11.06

Poesia - A eficácia do primeiro trabalho.Segundo.



Retrato do homem em caos interno

Na beirada de mim mesmo
Precipícios tão medonhos
Paraísos absurdos
Peito turvo escuta o grito...

Silenciam-se os gemidos
Caos acróstico do ser
Parecer ser foragido
Dentro do seu próprio ser

Não se conhecer na carne
Se desesperar em alma
Cuspir sangue, pedir calma
Violências naturais

Mãos cansadas, pés em calos
Olhos rasos, cheios de água
Coração em mil pedaços
Despedaça o bom de mim

Céu, paisagem sem sentido
Olho e vejo e nada vejo
Só lampejos de saudades
Rostos lindos que se foram

Polak

Poesia - O trabalho da angústia, do primeiro ego.


O LADO ESCURO DA LUA
Polak

Deixe-me ir
Sorrir pela minha solidez
Contornar o contorno
Em torno de seu coração

Pisar em terras secas
Umedecer corpos secos
Deitar em berços desconhecidos
Pulsando pálido, mirrado de amor...

-

Outono é estação das folhas
Caídas, apáticas como tu
Inverno é frieza na alma
Vento minuano a me congelar

Devastando culpas e meas verdades
Salgados enganos em perversidades
Mocidade tola deleitando o corpo
Gozando afoita, a brevidade de ser

-

Sou entre os pinheiros, o mais alto
Entre os cordeiros, o mais safo
Entre os homens, o mais devasso
Pesadelo das putas e das donzelas

-

Deixe-me ir
Navegar por outros sertões
Embriagar as multidões
Com melancolia e tristeza

-

Sou entre os que cantam, o que se cala
Entre os que silenciam, o que mais fala
Entre os perdidos, o que se encontra
Eu sou a ponta da faca no peito, eu sou a ponta

Airton Polak Junior

4 Egos - A parte mais superficial do indivíduo -


Três mistérios
Quatro egos
Duas vidas
Olhos cegos

Diamantes
Esmeraldas
Lindas pernas
Belas caldas

Vaidades
Espelhos
Plumas
Desesperos

Três mistérios
Quatro egos
Duas vidas
Olhos cegos

Polak